sábado, 18 de junho de 2011

As Principais Técnicas de Animação

Em 2001, Alberto Lucena Junior lançou o livro Arte da Animação, volume em que o autor discorre sobre o histórico do cinema de animação, enriquecendo, assim, a pouca bibliografia existente no Brasil.

Segundo Lucena Júnior (2005) “A palavra “animação”, e outras a ela relacionadas, deriva do verbo latino animare (“dar vida a”) e só veio a ser utilizada para descrever imagens em movimento no século XX. Desta forma, emergiu uma nova linguagem audiovisual cinematográfica.

Hoje existem várias técnicas e utilidades para a animação. Além das narrativas específicas do gênero, a animação serve como recurso estético ou acessório para outros gêneros audiovisuais como: o cinema live action (O cinema live action é o cinema tradicional, filmado com atores e cenários reais), a publicidade, sites de internet, logos, vinhetas, jogos, estatísticas, telefonia móvel e uma série de outras aplicações. Podemos dividir esse gênero em três técnicas principais:

a) 2D ou Desenho Animado

É a mais antiga e mais popular forma de animação. O primeiro filme animado da história, intitulado Humorous Phases of Funny Faces foi produzido em 1906 pelo cinegrafista e cartunista norte-americano James Stuart Blackton, considerado o pai da animação norte americana (MICHELSEN, 2009).

James Stuart Blackton_Humorous Phases of Funny Faces_1906.

O que identifica essa técnica é a utilização de células de papel ou acetato onde são feitos os desenhos. Alguns animadores utilizam o papel sulfite 75 gramas, que dá um bom resultado e é mais facilmente encontrado. Depois da animação pronta, as células são fotografadas ou digitalizadas com um scanner.

Exemplo_Flipbook de uma animação no estilo do filme Matrix.

b) 3D ou Computação Gráfica

Nos anos de 1990 um diferente tipo de animação chegava ao mercado. Era lançado Toy Story (1996), o primeiro filme feito por computação gráfica, fruto de uma parceria entre Disney e Pixar. Iniciava-se uma revolução no mercado de animação (MICHELSEN, 2009).

John Lasserter_Personagens de Toy Story_1995.

No entanto, como adverte Sérgio (2007), Toy Story não foi o primeiro a ser produzido. Em 1992 uma equipe brasileira deu inicio à produção de um longa-metragem de animação denominado Cassiopéia (1996 - Clóvis Vieira). Ao contrario de Toy Story, que utilizava de modelos de argila, posteriormente scaneados e passados para o computador. O filme brasileiro foi inteiramente realizado de forma digital, o que o torna o primeiro longa-metragem puramente virtual do mundo.

Clóvis Vieira_Personagens de Cassiopéia_1996.

A computação gráfica é, basicamente, a formação de objetos, personagens, cenários etc. através de softwares de computador específicos com ferramentas e efeitos avançados. Já existem sistemas de modelagem, animação e tratamento de imagens 3D que possibilitam a criação de imagens hiper-realistas, semelhantes aos ambientes naturais. Suas aplicações são diversas: podem ser desenvolvidas narrativas em animação que explorem os recursos da técnica ou utilizá-la para criar efeitos especiais em filmes em live action.

As recentes mudanças no mercado e o barateamento das tecnologias vêm alavancando o surgimento de diversas companhias de animação, muitas das quais procuram apenas a maneira mais rápida e fácil de produzir dinheiro, por exemplo, fazendo imitações “capengas” de grandes sucessos do cinema de animação 3D e 2D (MICHELSEN, 2009).

c) Stop-Motion

Do inglês que significa “movimento parado”. Isto por que se trabalha com a animação de objetos inanimados, como massa de modelar, grãos, recorte de papel e outros. A imagem é captada utilizando a fotografia quadro a quadro. A sucessão rápida de quadros, durante a projeção, dá a ilusão de movimento.

A técnica foi descoberta acidentalmente pelo mágico e diretor de teatro francês Georges Méliès, um dos principais expoentes do cinema de animação nas primeiras décadas do século XX (SOUZA, 2007).


Georges Méliès_Le Voyage dans la lune_1902.

Inicialmente, era usado apenas como complemento para filmes live action, como em King Kong (1933 - Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack), até que a popularização dos equipamentos e o aumento do acesso aos recursos voltados para o cinema permitiu que pequenos e médios estúdios, assim como cineastas e estudantes, iniciassem sua produção própria de animações em stop-motion.

Merian C. Cooper, Ernest B Schoedsack_King Kong_1933.
Merian C. Cooper, Ernest B. Schoedsack_King Kong_1933.

Merian C. Cooper, Ernest B. Schoedsack_Trailer King Kong_1933.

Uma variação desse estilo de animação, onde em vez de objetos usam-se pessoas, foi apresentada por Norman McLaren no curta Neighbours (1952) - que a denominou de pixilation. Nela, o ator assume uma postura inanimada, como um boneco, o animador orienta as posições em que ele deve ficar para ser fotografado (PIXILATION, 2010).

Norman McLaren_Neighbours_1952.

A técnica do stop-motion com bonecos é a mais próxima do cinema com atores. A iluminação e as câmeras são as mesmas utilizadas nos filmes de live action, só que trabalhando em dimensões reduzidas, focando distâncias curtas. Tanto os cenários quanto os bonecos são feitos em miniatura que precisam ter um nível de detalhamento bom e uma ótima flexibilidade em suas junções (Figura 01).

Figura 01-O animador Alexandro Costa manipulando boneco e cenário.

Veja Nossa 1° Animação em Stop-Motion - Visagem: No qual atuei como modelador dos bonecos e diretor de arte:

Roger Elarrat_Visagem_Stop Motion_2006.